
Estava eu nesse último domingo colocando algumas coisas em ordem no escritório. A Fullpress fica aqui na Aclimação, pertinho da Lins de Vasconcelos, e no final da tarde o barulho ensurdecedor dos helicópteros indicava que alguma coisa muita séria (ou que dava ibope, já que pelo menos um era da tevê) acontecia aqui pela vizinhança. E como apenas a revolução é que não será televisionada, conferi pela Rede Globo, peguei meu equipamento e desci as poucas quadras que me separavam da tragédia na sede mundial da Renascer.
Boa parte da avenida Lins de Vasconcelos estava fechada para o tráfego, tomada por ambulâncias e viaturas do Corpo de Bombeiros. A quadra onde fica a entrada do templo estava toda isolada, inclusive por uma barreira humana de fiéis do casal Estevam e Sonia Hernandes, fundadores e líderes da Igreja Cristã Apostólica Renascer em Cristo. Esse cordão estava ali basicamente para impedir o trabalho da imprensa, preservar sabe-se lá o quê.
Bom, o saldo todo mundo já sabe: nove mulheres mortas e mais de uma centena de feridos, incluindo gente ainda em estado grave. O que não se sabe ainda - ou pelo menos se quer preservar - são as razões que levam a administração de um local de concentração de massas a promover manutenção digna do que se viu. Agora é esperar e confiar na perícia e na ação do Ministério Público, e que sejam responsabilizados os que certamente já não devem estar dormindo com os anjos desde domingo.
E para fechar, eu que não estava lá fazendo cobertura para ninguém, trouxe apenas a lembrança de por onde entrou e saiu muita gente nesse ex-templo. E o que era porta de entrada e saída, nessa triste noite de domingo, virou janela para o céu para muita gente inocente.
