sexta-feira, 20 de abril de 2007

As time goes by


O trágico drama de ser um grande sucesso é a certeza de que, mais do que servir de referência, a obra vai se tornar modelo. Dará origem a uma série de cópias - algumas boas, outras mesmo muito ruins - até que um dia acontece: algo que era único e especial se converteu em uma fórmula desgastada. É como ouvir várias vezes a mesma música comovente - depois de um tempo ela perde seu efeito e se torna parte do ambiente.
Sessenta e cinco anos depois de seu lançamento, Casablanca sofre desse mal. Quem assiste o filme pela primeira vez já viu aquela história antes, ou até mesmo já sabe algumas falas de cor, como ocorre com "Louis I think this is the begining of a beautiful friendship". São referências vindas de outros filmes, de músicas, de desenhos animados.
O auto-sacrifício em nome da felicidade e bem-estar do ser amado é uma fórmula desgastada. "Se você a ama, deixe-a partir" - não é uma idéia nova ou estranha para qualquer criança que já tenha assistido meia dúzia de desenhos da Disney.
E então, o que era original perdeu sua magia para todos que o sucederam.
Estes, por sua vez, não podem ser acusados de algum mal: como surgir com algo completamente novo, geração após geração? Naturalmente, esse raciocínio não deve servir de defesa para a preguiça criativa. Mas, sejamos honestos, quanto mais inventamos, menos sobra a ser inventado. Os sentimentos básicos humanos, aqueles capazes de comover, serão sempre os mesmos.
Como pintar coisas muito diferentes, tendo sempre as mesmas cores?



Uma coisa, no entanto, permanece indefectível: As time goes by, aqui interpretada por Frank Sinatra.

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