quinta-feira, 5 de abril de 2007

Cantor

Lâmpadas brilham aos meus pés, de três em três. Enfeites baratos de Natal para alegrar o show. Mas eu não os vejo. Há 40 anos não vejo a luz. A noite está dentro dos meus olhos, e talvez por isso eu me sinta tão à vontade na madrugada, onde todos são mais ou menos iguais a mim, gatos pardos. Mas eu posso sentir as cores nas canções que já vêm sozinhas, sem freio nem porteira. Dó, vermelho, si, amarelo, ré, verde... canto e me transformo num caleidoscópio. Quando piso no palquinho de 20 centímetros, seguro gentilmente o microfone, como faria um amante, e esqueço a escuridão, a conversa do público, as palmas distraídas e até o cheiro de muzzarela no ar.

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