sexta-feira, 2 de maio de 2008

O dilema de Ronaldo

Ele foi casado com a Suzana, a Milene, a Daniela, e na semana passada, depois de anos de muita esbórnia e (pouco) futebol, eis que Ronaldo, Ronalducho, o fenômeno, volta às primeiras páginas dos jornais. Em mais uma daquelas comemorações regadas a sexo e pagode, nosso anti-herói dentuço se perde na noite carioca a bordo de três travestis, arma o maior fuzuê num motel várzea total e depois dá aquela desculpa clássica. Ok, ok, nós acreditamos. Olha a abordagem que o Francisco Bosco dá ao assunto, no delicioso Banalogias: "O desejo pelas travestis não é um homossexualismo enrustido. É uma questão lógica que a singularidade anatômica das travestis, produzindo um ser que não é nem homem, nem mulher, produz conseqüentemente um desejo que não é nem homo, nem heterosexual. Desejar uma travesti é desejar uma determinada economia entre homem e mulher, entre masculino e feminino. Uma economia híbrida, ambivalente, sobretudo ao nível da própria anatomia. (...) O desejo pela travesti é correlato, ao nível anatômico, do desejo pelas mulheres fálicas, isto é, pelas mulheres que assumem um papel social masculino. Em ambos os casos, é uma ambigüidade que mobiliza o desejo, sendo importante essa ambigüidade que, finalmente, define-o, exigindo para si também uma nomeação singular, capaz de fazer justiça conceitual à sua singularidade: o desejo pelas travestis não é nem homo, nem hetero, mas heteromo, ou homoétero". Está bem assim, Ronaldo? Depois reproduzo outras pérolas do livro aqui, prometo.

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei
hehheh