sexta-feira, 23 de março de 2007

O perigo das cores


Olha que triste
a arquitetura do medo.
Quando passo por aqui, murcho.
Grades onde antes havia um muro baixo,
fios elétricos onde antes pousavam passarinhos,
lajotas em vez de terra.
Câmeras que registram zelosamente
frente e verso dos passantes.
Até o moço da Sabesp, coitado,
precisa que lhe abram o cadeado.
Mas o que eu não entendo, mesmo,
é porque seqüestrar a cor.
Será a cor um elemento perigoso?
Uma corzinha qualquer, à toa,
chamariz para meliantes, vagabundos e baderneiros?
Adeus, azuis, amarelos e verdes.
Rosa, então, um desvario!
Melhor ser a feiúra que faz virar a cara,
Nesse lugar onde até as árvores são aprisionadas.

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