quinta-feira, 15 de março de 2007

Uma verdade inconveniente, um documentário eficiente

Entre um ato de violência e outro, os jornais dedicam muito pouco tempo às questões ambientais. Não que não haja algum esforço: há sempre uma nova denúncia sobre o surrado desmatamento da Amazônia. E, na televisão, mais um gordinho se enfia no meio do mato para explicar a diferença entre sapo, rã e perereca.
No meio disso, sem saber muito bem a quem perguntar – ou mesmo o que perguntar –, a opinião pública fica sem entender direito o que acontece com nosso planeta. Assim que são eleitos e reeleitos estadistas que não se importam com o planeta. Protocolo de Kyoto?
Em Uma verdade inconveniente, o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore não deixa de lembrar ao público que os Estados Unidos e a Austrália foram os dois únicos países desenvolvidos a não ratificar o protocolo de Kyoto, que compromete os países a diminuir a emissão de gases tóxicos na atmosfera. Mas vai além disso.
O documentário vem preencher uma importante lacuna de conhecimento da população, senão mundial, ao menos brasileira. Tão dinâmico quanto é possível a um documentário, com muitas informações e trilha-sonora escolhida com o cuidado digno de obras de ficção, o trabalho desenvolvido pela equipe de Gore se sobrepõe a qualquer suspeita de autopromoção do político. Ela está lá, sem dúvidas, mas parece mínima quando o espectador percebe o comprometimento necessário à criação do documentário e o quanto Al Gore já se dedicou à causa que afirma defender.
Entre conceitos científicos e números espantosos, fica a mensagem de que não é necessário se associar ao Greenpeace ou qualquer outra organização para cuidar do planeta. Basta que façamos escolhas conscientes dentro do nosso dia-a-dia.
Resta esperar que, em alguns anos, entre um filme violento e outro açucarado, Uma verdade inconveniente faça parte da seleção de filmes comprados para exibição em alguma emissora aberta brasileira.

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